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”O Pibid não é apenas mais um programa do governo”

Presidenta do Forpibid, Alessandra Santos de Assis falou ao site da UNE sobre a importância do programa para a educação brasileira
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) passou por um período turbulento. O anúncio do corte de quase 50% nas bolsas, realizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no início de fevereiro, gerou diversos protestos estudantis. As manifestações surtiram efeito e fizeram com que no último dia 25/2, o governo voltasse atrás na decisão.
Em bate-papo com o site da UNE, a presidenta do Fórum Nacional do Pibid (Forpibid), Alessandra Santos, falou sobre a importância da permanência do Programa e relevância para a formação de educadores qualificados no país.
”O programa permite a aproximação da formação e da prática profissional.Os futuros professores se sentem mais seguros porque começam a reconhecer a escola real e não somente a escola ideal”, disse.
Ela destacou a mobilização dos estudantes pela manutenção do programa e convocou a UNE para lutar pelas políticas de assistência estudantil. “A gente sabe que se manter num curso não é fácil”, destacou. Leia mais abaixo:

Qual é a importância do Pibid na educação brasileira?

O Pibid é um programa voltado para a formação de professores e tem proposta comprometida com a qualidade da educação. Ele aproxima as instituições de ensino superior, que são espaços de formação do professor, das escolas públicas, que são os espaços de atuação desse mesmo professor. Acaba com aquela coisa de que a pessoa se forma e somente quatro anos depois é que vai fazer estágio. O programa permite a aproximação da formação e da prática profissional.Os futuros professores se sentem mais seguros porque começam a reconhecer a escola real e não somente a escola ”ideal”. Isso os torna mais capazes de exercer a docência. Sem contar nos aspectos positivos trazidos para a escola na qual o bolsista desenvolve seus projetos. São produzidos materiais didáticos, experimentos e muitas outras melhorias.

Como foi para você perceber que o Pibid poderia acabar?

Primeiro houve um sentimento de falta de reconhecimento e de prioridade. Os cortes no Pibid não eram justos, porque atualmente não se trata mais de um projeto do governo. Ao longo dos anos, ele foi conquistando um espaço tão grande que já está até previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que é grande lei da educação do nosso país. Em 2014, a ampliação do Pibid também foi inserida no Plano Nacional de Educação (PNE). Querer acabar com o Pibid é não cumprir uma responsabilidade educacional.

A mobilização estudantil fez diferença na permanência do programa?

O que a gente viu foi uma mobilização fenomenal dos estudantes. Uma participação qualificada. Eu assistia a estudantes sendo entrevistados e via a forma como eles falavam sobre seus processos formativos e pensava ”eu queria uma pessoa preparada como esse jovem no meu local de trabalho”. O Pibid desenvolveu um processo muito forte de empoderamento do jovem, pela via do trabalho, do enfrentamento da realidade escolar, com suporte do conhecimento. Isso tudo foi dando muita segurança pros estudantes que estão no programa. A força do movimento (manifestações em defesa da permanência do Pibid) veio deles. Um movimento muito inteligente, articulado e criativo, o que conquista a população.

Como a UNE pode seguir auxiliando na manutenção do Pibid?

Na luta pelas políticas de assistência estudantil. Com o Pibid, mais jovens são atraídos para a universidade para os cursos de licenciatura. E a gente sabe que se manter num curso não é fácil. Lutar pelo Pibid é uma forma de garantir a permanência do estudante e oferecer uma oportunidade de formação muito mais qualificada.

Quais as suas perspectivas daqui por diante?

A gente entende que é necessário continuar lutando para assegurar que o Pibid se mantenha e se amplie. Para atender às próprias metas do PNE, o Pibid deve ser ampliado e não ser cortado. Porque quando corta, toda uma estrutura se desmonta. Por isso, a luta é pela continuidade, para que os pilares do programa sejam reforçados. Para se ter uma noção, 800 escolas enviaram cartas ao Ministério da Educação (MEC) pedindo a permanência do Pibid. Não é pouca coisa. Se o programa crescer, vai incorporar mais escolas públicas.